Choose a mode and then play some riffs and some licks. Jive on.
Escolher um modo, tocar alguns temas e mandar ver na improvisação.
É curioso como a terminologia do Jazz é para mim extremamente familiar e de fácil entendimento. E olha que pode muito bem ser que o meu entendimento esteja completamente errado, já que eu mal e mal assovio uma melodia e não tenho nenhuma formação musical. Dentro da minha ignorância, a maneira como eu encaro a pintura parece ter estreita ligação com a improvisação musical.
Como em um jogo, você estabelece as condições e as regras iniciais, mas não tem como saber exatamente como a partida vai se desenrolar. É como se, ao restringir voluntariamente o número de opções possíveis, ao estabelecer certas regras, certos limites para a criação, a brincadeira ficasse muito mais focada e prazerosa.
Escolher um Modo (no sentido musical), é escolher uma escala, a tonalidade geral que define a tonalidade emocional ou mood. Na pintura esse papel é as vezes feito pela cor predominante que estabelece a atmosfera da peça e que a unifica.
No meu caso, estabeleço isso através de uma imprimatura colorida; imprimatura é esse véu geral de tinta sobre o fundo branco da tela. Outra coisa que estabelece esse tom geral tem sido a grade subjacente à pintura, que estabelece uma batida fundamental sobre a qual as variações rítmicas das linhas da composição vão acontecer.
Play some Riffs and some Licks. Um riff é temático, é uma frase ou um padrão recorrente, característico e facilmente reconhecível: as evidentes e ondulantes folhas de bananeiras; os prismas e retângulos duros dos edifícios e das construções.
Play some Riffs and some Licks. Um riff é temático, é uma frase ou um padrão recorrente, característico e facilmente reconhecível: as evidentes e ondulantes folhas de bananeiras; os prismas e retângulos duros dos edifícios e das construções.
Já um Lick são formas incompletas e menos identificáveis, são acordes e progressões. No caso, as curvas e geometrias que criam todo um universo de formas vegetais e urbanas, placas, nuvens e árvores, que, na sua ambiguidade, geram esse lugar que é um lugar nenhum, mas estranhamente familiar.
Jive é essa improvisação brincalhona na música e na linguagem. Eu vou resolvendo a composição conforme eu vou indo, ou seja, não tenho a menor ideia do resultado final. Como eu evito ao máximo refazer algo, corrigir, as possibilidades vão se reduzindo conforme o trabalho caminha. Tudo que é feito permanece até o final. A sensação é a de ir empilhando toquinhos, sempre a um passo da coisa toda despencar.
Como dizia Juan Gris: “Até a conclusão do trabalho, ele [o pintor] deve permanecer ignorante da aparência final do conjunto”.
Essa tensão entre método e improvisação é algo que me interessa muito.
Jive on!